Resumindo muito rapidamente, Sense8 conta a história de oito pessoas espalhadas pelo mundo, que possuem uma espécie de elo psíquico entre eles. Esse elo começa a se desenvolver primeiro de forma subconsciente – dividindo emoções fortes – e depois ele vai se aperfeiçoando a tal nível que eles conseguem ter conversas mentais e até “emprestar” habilidades uns para os outros.
No começo da série, descubrimos também que há uma organização misteriosa que corre atrás de pessoas como eles, lobotomizando um a um. Agora, o que é essa ligação, qual é o porquê deles a possuírem e quem é essa organização msiteriosa são questões que são desenvolvidas ao longo da série.
Estamos olhando aqui para um novo Breaking Bad, House of Cards ou Game of Thrones?
Não, não estamos.
Mas estamos olhando aqui do melhor trabalho dos Watchowski em MUITOS anos.
Um dos grandes trunfos aqui é que eles criam oiti histórias completamente diferentes. Em uma mesma série temos um filme de kung-fu, um filme de máfia, uma trama policial estilo “tira americano”, um novelão mexicano (literalmente) e por aí vai. Tudo entrelaçado, algumas vezes de forma superficial, é verdade, mas na maioria das vezes de forma bem satisfatória – o que é muito impressionante para os Watchowski, gravar tantas cenas diferentes, em tantas locações diferentes, com os personagens se relacionando entre si e sem largar a assinatura característica deles, com as slow motions, as raves e até questões super sensíveis, como a da personagem Nomi. Nomi é um personagem que mudou de sexo na juventude e agora é mulher – ela recebe um carinho especial na série, com uma trama muito bacana e muito palpável – acredito eu que pela própria experiência da Lana Watchowski.
Aliás, a sexualidade é tratada de forma muito natural na série. Não estou falando somente das cenas de sexo (que há muitas), mas também dos relacionamentos. O relacionamento entre Nomi e Amanita é muito natural. Aliás, pela primeira vez vejo os romances homossexuais e heterossexuais serem tratados da mesma forma: há tanta beleza naforma que Lito olha para Hernando quanto na forma em que Wolfgang olha para Kala.
E falando nesses romances, vemos aqui o ponto forte da série: os personagens. Não só eles são bem escritos, como o time de atores que os interpreta é MUITO bom. Poderia falar parágrafos e parágrafos sobre como eles me agradaram e como há muita química entre todos eles, como o relacionamento entre todos funciona muito bem. Mas, pra demonstrar isso, deixo aqui a melhor cena da série, quando todos estão enfrentando um péssimo momento da vida deles e, durante uma música tocada pela personagem Riley em seu iPod (Four non Blondes – What’s Up, aquele clássico dos anos 90), eles conseguem se conectar todos ao mesmo tempo.
E é nessa belíssima cena que Sense8 pega você. É nesse quarto episódio que você enfim se apaixona pela série.
Que cena belíssima, e que naturalidade que não só a direção passa, mas também os atores mostram na cena. Veja a apaixonante troca de olhares entre Wolfgang e Kala, como é bem feita e acontece de forma natural.
Enfim, Sense8 definitivamente foi uma série que valeu ver até o fim. Apesar do começo um pouco confuso e devagar, vale ver até o final – ora, estamos aqui falando de uma outra maneira de contar uma história – a maneira da Netflix. Não pensamos mais em uma série que vai ser semanal e durará meses. Estamos falando aqui de um grande episódio de 11 horas, que é feito pra ver em dias seguidos.
Nota 9
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