Batman é o herói mais popular da DC. Isso ninguém pode negar – ele tem trocentos gibis, animações e filmes.
Ele é sombrio, sério, maldoso em muitos sentidos e porradeiro. Resolve tudo na porrada. Faz aquela imagem de herói durão que todos gostam – e isso aumenta a sua popularidade como nunca!
Se Batman vê um assalto, ele mete a porrada no bandido.
Se Batman vê um vilão, ele o tranca no Asilo Arkham.
Se Batman tem um problema com outro herói, ele mete a porrada nele!
Se alguém se joga do prédio, o Batman usa seu gancho para pegá-lo no ar!
Com o Batman não tem papo. Ele vai lá e resolve. Ponto final.
Mas e o Superman?
O Escoteirão? O Azulão? O bondoso, colorido e alegre Superman, que é apontado por todos como a antítese do Batman?
Como ele reagiria a uma situação de extremo estresse, como as que o Batman lida todos os dias, por ser um herói mais urbano.
Para responder essa pergunta, vamos voltar à polêmica fase onde o Superman resolveu atravessar os EUA a pé para repensar na vida, ajudando gente comum. Muitos não gostaram dessa fase,mas ela gerou excelentes momentos, como esse que eu vou contar agora.
Em uma das andanças do Superman, ele encontra a seguinte situação: Felicity Rose é uma mulher que perdeu a mãe, emprego, tudo.. E está prestes a se jogar de um prédio. Depois do policial atualizar o Superman de toda a situação, ele pergunta se o Superman vai lá pegar a moça e se vai trazê-la para o chão (algo que o Batman faria).
Mas ele simplesmente responde:
Não, não vou fazer isso.
Mas vou falar com ela.
Quando o Superman chega perto de Felicity, ela está surtada. Revoltada com o mundo.
Ao ver o Superman, ela grita:
Não se atreva a tocar em mim! Você só está esperando eu baixar a guarda para me pegar à força e me levar pro chão, né?
Alguém uma vez disse que, se você dá a sua palavra, você nunca a quebra. É verdade? Então eu quero a sua palavra. Quero que você me prometa que não vai me levar à força para o chão. E que, se eu pular… se eu escolhi pular, é por minha escolha. Você não vai me impedir! Se você me prometer, eu aceito falar com você.
E, para a surpresa de todos, o Superman concorda e diz que não vai fazer nada contra a vontade dela.
Os policiais começam a ficar apreensivos pelo fato do Superman não descer com a garota à força.
E Felicity começa a desabafar com o Superman:
Depois que eu enterrei a minha mãe, eu fiquei lá parada, depois que todo mundo foi embora… É isso? Quer dizer, isso é tudo que tem pra ser? Trabalhar em um cubículo seis dias por semana até ficar velho e não poder mais trabalhar? E aí eu morro? É isso aí? É para isso que estamos no mundo? Qual é o sentido nisso tudo?
Quando eu me formei no colégio, eu pensei – todos nós pensamos – nós vamos sair e fazer grandes coisas! Vamos mudar o mundo. Vamos salvar o mundo!
Se alguém tivesse dito, “Ei, você vai abastecer carros a sua vida toda” ou “é melhor acostumar-se a limpar a bagunça dos outros porque é isso que você vai fazer durante sua vida toda”, nós riríamos dessa pessoa.
Não é justo! NADA é justo! E não se atreva a dizer que o mundo é justo!
E, mais uma vez para a surpresa de todos, o Superman CONCORDA com ela! Veja aí a explicação dele:
Você está certa. Não é justo. John Lennon morreu e Kadaffi está vivo. Não é justo. Mas também não é injusto.
Simplesmente é.
E aí o Superman começa a falar sobre salvar o mundo:
Você está certa quando diz que saímos do colégio querendo salvar o mundo. Algumas vezes nós conseguimos. E, algumas vezes, não. Então, você não pensa mais em salvar o mundo todo, mas sim uma pessoa só.
Quando Superman começa a lembrar de Krypton, Felicity diz que está muito cansada e cheia de dor de cabeça, pois passou o dia todo chorando. Ela diz que não quer conversar mais por algum tempinho até se recuperar.
E aí, o SUperman, com toda a sua empatia, permanece do lado dela até a noite, quando ela pede pra ele desligar os refletores para não incomodá-la.
Quando Felicity fala pro Superman que já sofreu tanto que não sabe mais o que fazer, ele diz:
Posso dar uma sugestão?
Uma amiga minha, há muitos anos, tirou a sua própria vida. Ela estava com uma doença terminal. Todos os dias eram uma agonia. Então ela decidiu que um dia ela sabia… Sabia com toda a certeza… Que ela nunca mais viveria um dia sequer feliz em sua vida.
E ela… Bem, eu acho que pode-se dizer que ela foi embora muito rápido.
Eu entendi.
Eu não aprovei. Ainda não aprovo o que ela fez. Mas eu entendi.
Se você honestamente acreditar, do fundo do seu coração, que você nunca, mas nunca mais terá um outro dia feliz em sua vida, então dê um passo para o ar. Eu manterei a minha promessa e não vou impedi-la.
Mas, se você ainda acha que ainda há chance – não importa o quão pequena – de que há pelo menos mais um dia feliz lá fora… Então pegue a minha mão.
E quando ela pisa no ar…
Ela cai direto no abraço do Superman!
Essa história me faz lembrar o porquê de eu preferir sempre o Superman ao Batman.
Sei que o Batman tem mais fãs, que ele é o boladão, que enfia a porrada, que é mau, que veste preto, que é sombrio e tal…
Apesar de ser um alien, o Superman consegue se conectar com a raça humana como nenhum outro herói humano jamais se conectou.
E isso se chama empatia!